Não é falta de chuva: entenda como o Brasil está, de novo, à beira de um racionamento

Na avaliação dos especialistas, o governo deveria ter antecipado o início da bandeira vermelha nas contas de luz no ano passado.

Mas, diante do cenário ainda adverso da pandemia, a bandeira vermelha, que impõe um custo adicional aos consumidores na conta de luz, foi aplicada em dezembro do ano passado, mas só vigorou por um mês. De janeiro a abril foi adotada a bandeira amarela.

Se a sobretaxa tivesse sido acionada antes, levando a uma redução no consumo de energia, isso poderia ter ajudado a manter os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, já que o volume de chuvas durante o último período úmido, entre novembro de 2020 e abril deste ano, foi o menor em 91 anos.

O especialista Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, lembra que o país começou o período seco já com o nível baixo dos reservatórios. Para ele, o governo poderia ter acionado mais as usinas térmicas e poupado as hidrelétricas. Isso teria sinalizado aos consumidores que a situação hídrica estava em situação crítica.

- Não foi só um problema do ano passado. O volume de chuvas está abaixo da média histórica nos últimos nove anos - lembra Brandão.

Juliana Hornink, coordenadora de Inteligência de Mercado da Safira, lembra que desde 2012 o Brasil enfrenta redução no volume dos reservatórios, especialmente os do Sudeste, onde se concentra mais da metade do consumo de energia do país:

- Em 2012, os reservatórios estavam com 60% de capacidade. Mas desde 2017 o volume das usinas do Sudeste está na casa dos 30%. Comparando com 2001, na época do racionamento, os reservatórios do Sudeste estavam com 29%; e, no fim de maio deste ano, estavam na casa dos 32%. Não há como escapar do problema da falta de chuvas.

 

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